Prémios Repórteres Sem Fronteiras para jornalistas em cenários de guerra e repressão
A Repórteres Sem Fronteiras (RSF) distinguiu hoje cinco jornalistas e fotojornalistas que exercem a profissão em contextos de guerra, repressão ou graves restrições à informação, prémios atribuídos coincidindo com a celebração do seu 40.º aniversário.
Na categoria de Valor, a RSF premiou a jornalista azeri Sevinj Vagifgizi, diretora da Abzas Media, presa desde novembro de 2023 e condenada em junho a nove anos de prisão por acusações que a ONG considera fabricadas.
Vagifgizi tornou-se, mesmo depois de detida, num símbolo de resistência contra a repressão à imprensa independente no Azerbaijão.
Segundo a RSF, a repórter tem sido alvo de pressões adicionais na prisão, incluindo uma transferência que dificulta as visitas de familiares e advogados.
O Prémio Impacto foi atribuído à jornalista palestiniana Bisan Owda, de 21 anos, cuja frase `It`s me, Bisan from Gaza, and I`m still alive` (`Sou Bisan, desde Gaza, e ainda estou viva`)se tornou símbolo da cobertura da guerra. Owda tem relatado quase diariamente a devastação causada pelos ataques israelitas na Faixa de Gaza através das redes sociais, onde tem milhões de seguidores, e apresenta um programa para a AJ+ com o mesmo título da sua já célebre frase.
Na categoria Independência, a RSF distinguiu a jornalista birmanesa Shin Daewe, documentarista reconhecida pelo seu trabalho sobre o ambiente e o impacto do conflito na Birmânia.
Inicialmente condenada à prisão perpétua por "cumplicidade de terrorismo", uma acusação habitual da junta militar contra a imprensa crítica, a sua pena foi posteriormente reduzida para 15 anos.
O Prémio RSF--Mohamed Maïga de jornalismo de investigação africano foi atribuído ao burquinês Atiana Serge Oulon, diretor do jornal L`Événement.
Oulon, um dos últimos jornalistas do país a investigar questões de segurança e denúncias de corrupção ligadas às forças de autodefesa, foi sequestrado em junho de 2024 e, segundo os paramilitares que lutam contra as forças governamentais, recrutado à força para o exército.
Por último, o Prémio de Fotografia Lucas Dolega-SAIF reconheceu o trabalho do francês Robin Tutenges, que se infiltrou em maio na região etíope de Amhara.
O júri foi presidido pelo jornalista francês Pierre Haski e composto por repórteres, fotojornalistas e defensores da liberdade de expressão de vários países.